Jogo de Azar x Jogo de Informação Escondida

Não é segredo para ninguém que existe um grande preconceito das pessoas sobre os "Jogos de Azar". A intenção dessa postagem é acabar com o mito de que Magic é também um jogo de azar.

A grande prova de que Magic não é um jogo de azar é analizar as primeiras mesas dos grandes campeonatos. Existe uma grande reincidência dos mesmos jogadores, e ninguém achará que é porque eles sempre tem sorte.

Ao mesmo tempo, entendam, TODO jogo tem sorte envolvida. O "morrinho artilheiro" do futebol, a briga com a esposa do jogador de volei, ou o Ás virado na última carta no poker. Alguns jogos podem ser mais explícitos, mas TODOS envolvem sorte.

O que é necessário entender é que, quando seu oponente tem dois pontos de vida e você compra um Sudden Shock, você jogou A PARTIDA INTEIRA para deixar seu oponente a 2 de vida. Se ele tivesse 3 de vida ainda, você não teria ganho, se você tivesse 0, você não teria ganho. Você criou as circunstâncias que te permitiram comprar essa carta para ganhar o jogo.

Magic: O Xadrez com Blefes
Xadrez é um jogo de informação aberta, não existem segredos, tudo que está sendo feito pode ser visto, o que, em teoria, pode te dar 100% de certeza de suas jogadas (a menos que você deixe passar algo). Magic funciona da mesma forma, assim como um peão a menos pode te custar o jogo, uma carta a menos também pode te custar o jogo. A diferença é que Magic é um jogo de informação escondida. Isso significa que seu oponente tem 4 cartas na mão, e as cartas não vão mudar, mas você não sabe quais são elas. Jogar bem magic não significa ganhar, e sim fazer as jogadas certas.

Ocorrem casos onde "jogar errado" (onde escrevo errado, leiam "Diferente do Senso Comum") lhe dá a vitória, ou vice-versa. Para ser mais fácil de ser entendido: Seu oponente está jogando com um baralho que utiliza 8 mass removals (digamos 4 Danação e 4 Cólera de Deus. Estamos no seu quarto turno, você começou. Nesse momento, seu oponente tem 3 terrenos e 7 cartas na mão, num deck de 60 cartas. A proporção é de 1 remoção em massa para cada 7,5 cartas (8 em 60), no momento ele tem 10 cartas (3 terrenos mais 7 na mão), então, é razoável presumir que ele possua uma Mass Removal. Se ele der uma Mass Removal no turno dele (quando ele conseguir o quarto terreno) não foi sorte, foi o esperado. Isso é uma aplicação de estatística, usada geralmente para se construir decks.

E se meu oponente tem apenas 4 Cóleras de Deus no deck? Resta a você saber conciliar a estratégia necessária pela necessidade que seu oponente terá de usar a carta. Se você matará com um turno de diferença, dando ainda 4 turnos para seu oponente comprar alguma resposta ou se isso muda a um ponto de "ou ele usa a cólera ou morre no turno seguinte". Mas a grande questão é pensar não só na sua jogada, mas também no que seu oponente está pensando. A jogada certa é definida do mesmo modo que o teorema fundamental do poker "Faça a jogada que você faria se pudesse ver as cartas do seu oponente." Lógico que magic é bem mais complexo, e só isso não basta. Enquanto no poker os baralhos contém sempre as mesmas 52 cartas, no magic isso varia infinitamente, então nem sempre só isso basta, mas eu diria que isso é 50% do jogo.

Ao mesmo tempo que você quer jogar em torno das cartas do oponente, é necessário tomar cuidado para não ser enganado, ou seja, não acabar jogando em torno de cartas que não existem, ou que seu oponente não possui. Aqui entra o fator blefe, que possui mil modos de serem aplicados, e efeitos diversificados.

É lógico que um deck que possui 2 cópias de cada carta não será tão consistente quanto um com 4 cópias de cada carta, e é encima disso que se baseia a construção de um deck. Deixá-lo consistente, para saber como o deck se comporta, e assim saber as jogadas certas a serem feitas, prevendo o que seu deck fará. Lógico, existem casos onde vão faltar terrenos ou acasos do tipo, mas isso é uma minoria. Não desanime e continue tentando, pois a prática leva a perfeição.

E lembrem-se, a sorte existe em todos os jogos, o bom jogador de magic tenta reduzir o fator com que a sorte influencia na partida, para aí então deixar sua habilidade prevalecer.



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