terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Arriscando um Novo Arquétipo

Ok, de todas as postagens que fiz até hoje, essa é a que eu vejo maiores chances de encontrar problemas... explico: essa é uma área fácil de arriscar e mais fácil ainda de errar, e eu estou arriscando. Espero que todos (ou a maioria) gostem desse "mini-artigo", e sintam-se a vontade para críticas construtivas e opiniões (de fato, até desejo esse tipo de crítica, pois quanto mais cabeças pensando a respeito, melhor ^^).

O deck que será construído e comentado aqui é um Grixis Control. Porquê eu escolhi montar esse deck? A idéia inicial era construir em volta de um Shard, pois TODOS os charms são excepcionais. Eu sou um jogador extremamente control, não sei e não consigo jogar com decks aggros, e por isso resolvi montar um deck control. A partir da idéia do control, excluí na hora Jund e Naya (um deck RGx não pode ser control ;Þ ). Seguindo com as opções, gostaria de esclarecer que não gosto de Esper nessa visão de controle. Não enxergo nenhuma bomba Esper, então imagino que terei que usar várias criaturas grandes, se tiver que fazer isso, vale a pena usar algumas acelerações, e nesse ponto, estou abandonando totalmente o foco (não que o fragmento seja ruim, mas para fazer uma lista, é necessário estar focado).

Sobraram Bant e Grixis. Jogando de Bant eu teria acesso a Cólera de Deus e algumas spot removals (como Anel do Oblívio e Condenar), enquanto que jogando de Grixis eu teria acesso a MUITAS spot removals (pela presença da cor preta) e também a Infest. Assumo que o grande diferencial para eu escolher "Grixis" foi a carta que mais resolve o jogo instantaneamente no T2. Sim, Ultimato Cruel é desleal, e se você tiver "certeza" que ele será feito no sétimo turno (pois com um deck só dessas cores, você pode até usar várias cópias, pois a via de regra, com sete terrenos você poderá usar o Ultimato), ele se torna ainda mais interessante.

O Ultimato Cruel é bom porque ele só possui a dependência de suas manas. É uma carta que resolve o jogo, te dá 7 cartas de vantagem sobre o oponente (+3 para você e -4 para ele), ainda de brinde um Life Swing de 10, não importando se o jogo está bom ou ruim para você, se você tem ou não criaturas, ou outras coisas do tipo. Um Ultimato resolvendo é sempre bom. =)

Para montar o baralho, comecei a considerar algumas cartas, vou apresentar a lista 1.0 utilizada, e uma análise das escolhas e matchups.


3 Infestar
3 Medalhão de Grixis
4 Distorção Agonizante
3 Bocarra Ululante
2 Nucklavee
4 Facção Vendillion
4 Comando Críptico
4 Ambições Perdidas
3 Novidades
2 Despedaça-Mentes
3 Ultimato Cruel

3 Conclave Feérico
4 Necrópole Despedaçada
1 Riacho Vívido
1 Pântano Vívido
3 Fontes Sulfurosas
1 Recifes de Shiv
3 Ruínas Submersas
2 Ribanceiras da Cascata
4 Lagoa Espelhada
2 Pântano
1 Caerne Esculpido


Uma breve explicação:
3 Infestar
3 Medalhão de Grixis
4 Distorção Agonizante
3 Bocarra Ululante
Escolhi aquelas, que na minha opinião, eram as melhores removals. Preferi o Infestar à Piroclasma graças ao Burrenton, que poderia ser um problema, e também porque eu já tenho um bom leque de mágicas de custo 2 (a agony warp, a bocarra e a broken ambitions).

2 Nucklavee
4 Facção Vendillion
Completam as criaturas do deck. A idéia é tornar as removals do meu oponente inúteis. Ele pode até usar a removal no Nucklavee ou na Vendillion, mas eles nunca estiveram no deck por serem criaturas mesmo. =) O Nucklavee tem um "combo" óbvio, se o cara deixou um Ultimato resolver, o nucklavee vai pegá-lo de volta, e provavelmente o segundo também resolverá. Ele serve para você pisar naquilo que já deveria ser um conclave, embora, raramente, ele se comporte como um bom blocker buscando um comando ou grixis charm. Notem que o Charm é MUITO poderoso se usado no nucklavee, pois você pode dar o bounce nele e depois quando fizer o nucklavee voltar o ultimato e o próprio charm. Parece exagero, mas já cheguei a resolver 4 Ultimatos antes de ganhar o jogo. A Vendillion Clique é uma das MVP do deck. Você pode jogar ela no passe e assim olhar a mão do oponente. Como os decks de hoje em dia jogam com um baixo número de counters, há uma grande chance de ele não ter nenhum counter na mão, e no seu turno você pode fazer o Mind Shatter ou Ultimato, dele só ter um Counter na mão, e você tirá-lo e fazer mesmo assim o Ultimato ou Mind Shatter ou ainda a chance dele ter dois counters na mão, nesse caso você terá que saber jogar em torno. Além disso, é uma ótima "spot removal", já que será trocada no 1-por-1 bloqueando. Também é uma resposta a recursividade de Demigod, enfim, vale a pena!


4 Comando Críptico
4 Ambições Perdidas
O comando dispensa qualquer tipo de comentário. É uma das melhores e mais versáteis cartas do T2, e por isso está presente também nesse deck. A escolha por Broken Ambitions se deveu basicamente a Bitterblossom, porque do contrário eu usaria Cancelar. No entanto acho que fiz bem em ficar com a Ambitions, que é excepcional no começo do jogo e boa no fim.

3 Novidades
Acho que é a mais polêmica das escolhas. 98% das pessoas me perguntam "porque Tidings e não Mulldrifter?". Explico, o baralho joga com MUITAS mágicas de custo 2 e 3, como spot removals, vendillion clique e broken ambitions, tendo essa curva já bem preenchida. No quinto turno, comprar 4 cartas é melhor do que 2, porque eu jogo de 25 terrenos, e uso muitas cartas 1-por-1. Vale lembrar que dificilmente anularão a Tidings, porque correm risco de tomar na volta Mind Shatter e Ultimato (de fato, seria a curva 5-6-7 perfeita essa).

2 Despedaça-Mentes
3 Ultimato Cruel
As cartas aterrorizantes. Despedaça-Mentes ACABA com qualquer controle ou ramp, e pode ajudar até contra aggros (se você não for morrer na volta, deixá-lo sem mão é muito útil). É simplesmente uma carta forte, e mais uma threat para seu oponente se preocupar. O Ultimato foi o que praticamente deu a idéia do deck, e nossa curva de mana permite usá-lo quase sempre no sétimo turno (em 100% dos playtests, quando eu fiz o sétimo terreno, eu tinha manas possíveis para jogar o Ultimato).


3 Conclave Feérico
É a única carta que merece explicação, já que todas as outras são óbvias, e servem para fixar a base de mana. A base ficou tão consistente que arrumei espaço para os conclaves feéricos. Pensei em usar o Acampamento ghitu, pois ele é um blocker melhor, mas jogar com eles era mais difícil, porque você muitas vezes não pode fazê-lo no primeiro turno (para garantir o Agony Warp). Entre Spawning Pool e Conclave, preferi o conclave que pode atacar ou trocar com uma criatura do oponente, ao invés do terreno preto que seria SEMPRE um block-regenera.


Meu sideboard utilizado NÃO me agradou, mas inicialmente ele era assim:
1 Wydwen, a Ventania Mordaz
4 Negar
1 Infestar
2 Manequim Provisório
3 Arquimaga de Glen-Elendra
4 Capturar Pensamento


Com essa lista em mãos, fui ao playtest.

QnT/5cc/Cruel Control
Uma das partidas mais fáceis do deck. Usar o charm no começo do jogo para dar bounce em um terreno (que provavelmente não resolverá), depois usar um tidings, uma vendillion clique... em suma, seu deck tem mais ameaças que o dele, e o mesmo número de counters. Se atenha a ser AGGRO contra ele, mas não totalmente. Enquanto você tem infest, agony warp e shriekmaw de cartas "mortas", ele tem cólera, firespout, condemn e mais alguma removal. E suas cartas "mortas" ainda matam o Monk ou Finks dele, já as dele são realmente mortas (matar a vendillion não é algo glorioso, já que a grande função dela já foi resolvida). Sério, fiquei invicto contra o QnT, e não consegui enxergar uma maneira de perder sem eu zicar ou algo assim, já que é uma partida fácil e simples (embora possa ser demorada).

Kithkin
Uma partida também fácil, mas não simples. Se você souber jogar no controle o tempo todo, você não terá problemas. Você possui muitas spot removals, as mass removals necessárias, os counters/bounces para não perder os Infest perante uma Antífona, e ele, a via de regra, não tem resposta para o Ultimato. Saiba mulligar uma mão muito pesada sem as removals necessárias, e a partida será simples, fiquei também invicto contra o kithkin nos playtests.


Nesse momento, você que está lendo a análise deve estar começando a me chamar de mentiroso, certo? Um deck que ficou invicto contra Kithkin e 5cc, decks totalmente opostos em comportamento? Um deck desses certamente seria bom contra outros aggros e controls, e portanto seria um dos melhores decks do t2!

De fato, o deck ganha de controls e aggros com extrema facilidade. Os rogues (bant, naya, warriors, rogues) não oferecem nenhum problema, controls (testei contra um esper e um bant control) também são uma tarefa fácil, e o mana ramp e BG também são partidas favoráveis (o BG nem tanto, mas é uma partida plenamente possível de ganhar). Eu já estava pronto para patentear o deck e me tornar famoso com minha lista "sem falhas". Só faltavam 2 decks para eu testar contra: O fadas e o Mono Red.

Ok, vamos testar então. O match contra fadas já tinha sido inteiro teorizado, eu tenho as broken ambitions caso comece no primeiro game e os infest para dar uma controlada. A mistbind não é problema pois eu mato a fada dele em resposta e o jogo fica simples para mim.
Joguei 7 partidas. Perdi as 7.
De fato, a Mistbind não era um problema, eu só não contava que uma blossom de 8º turno ainda pudesse ganhar o jogo. O Jace dá uma grande vantagem ao meu oponente, e eu não consigo colocar pressão alguma.

Bom, sem desanimar, afinal, o primeiro game tendia mesmo a ser desvantajoso! Agora com o side eu me reergo, pois tenho os thoghtseize, negates e broken ambitions para tirar a blossom. Joguei 15. Perdi 10.

É incrível como o deck de fadas consegue combar facilmente (mana vai, mana bitterblossom, combo win), e parece mentira, mas nas duas vezes que fiz tapland vai e voltei com thoughtseize, o cara COMPROU a blossom. Outras vezes tomei blossom + Spellstutter no mesmo turno, ou até mesmo morri para manlands me atacando com pump de Scion of Oona.

É importante ressaltar que o problema não é a blossom, mas o que ela acarreta. O BG por exemplo, mesmo com a blossom, ele não tem counters para o meu infest que é jogado quando a situação fica crítica, ou coisa parecida. O fadas consegue acabar com as contas jogando uma Scion repentina, ou então anular um Ultimato com uma Spellstutter .

Já desanimado, resolvi garantir meu match contra mono red antes de repensar meu sideboard, e qual a minha surpresa quando vejo que o deck é MUITO fraco contra monored.

Estatisticamente falando, eu até fiquei na vantagem. Mas eu sei admitir que minha vantagem foi graças a inconsistência do monored, que diversas vezes me deixou a 3~4 de vida e teve um leve flood, possibilitando que eu voltasse a partida. O problema é que Boggart Ram-Gang é forte, Ashenmoor Gouger toma poucas removals (só o Charm ou alguma combinação de 2-por-1), eu não tenho uma resposta boa contra a recursividade de Demigods (além de jogá-los pro fundo com vendillion), e quando eu fico a poucos pontos de vida, é um risco me fechar para mind shatter ou ultimato e tomar javelins/incinerates em resposta.

Não vou falar meus resultados contra monored porque eu acredito sim que eles foram injustos, e eu deveria ter perdido muito mais do que realmente perdi. É fato que meu Grixis Control é mais consistente do que um monored, mas a idéia é que ele não me passou a confiança necessária para jogar um torneio.

Meu side não tinha me agradado também, eu possuía vários "Overkills" (Arquimaga de Glen-Elendra é uma carta excelente, mas os matchs que ela entrava já eram fáceis sem ela), entre outras coisas. Eu pensava sobre o deck, sobre o side, sobre o que mudar para acabar com esses problemas e como deixar o sideboard bom, útil, e realmente resolvendo as partidas. Enquanto eu ficava pensando, surgiram os previews de conflux. Nesses previews eu pude encontrar algumas cartas que me chamaram a atenção, dentre elas:

Banefire - XR
Sorcery (Rare)
Banefire deals X damage to target creature or player.
If X is 5 or more, Banefire can't be countered by spells or abilities and the damage can't be prevented

Volcanic Fallout - 1RR
Instant (Uncommon)
Volcanic Fallout can't be countered.
Volcanic Fallout deals 2 damage to each creature and each player.

Perfeito. Volcanic Fallout consegue segurar o fadas, e Banefire é um finisher perfeito. O deck, que já estava abandonado, passa a voltar a ser uma opção para mim.

Com o match de fadas a caminho de ser solucionado por essas duas cartas (uma substitui Infest, a outra ainda procura lugar, e deve achá-lo no lugar dos Mind Shatter), resta buscar agora uma solução para o MonoRed.

Já tenho esboços de uma lista 2.0 (ainda sem conflux), só que não a postarei ainda pois preciso de mais testes. Espero que todos tenha gostado da análise desse deck. Ele está em constante evolução, e tende a ganhar forças com a nova edição, podendo até ser uma boa opção para os grandes torneios que estão para chegar GP, Regionais...).

Eu sei que muitos devem estar pensando: Pô, mas de que adianta um artigo de um deck ainda ruim? Faço minhas as palavras do Thorgrin: "O T2 atual é um formato morto, nenhum torneio acontecerá nesse formato. Resta aguardar Conflux e ver o que nos reserva o novo formato". Embora o deck ainda não esteja no nível desejado para o T2, ao menos jogável ele já é, e sabendo que a nova edição já confirmou reforços para o deck, é tempo de inovar e personalizar listas!

Espero que todos tenham gostado da análise, opinem, critiquem, comentem! Abraços e até amanhã!

6 comentários:

  1. Interessante o deck. Não sei até que ponto ele é mais confiável do que um QnT, mas você deve saber melhor do que eu.

    Espero que as cartas de Conflux ou a versão 2.0 ajude infinito contra Fadas, pq jogar com um deck que não ganha do deck to beat da temporada é bem preocupante.

    De resto, os textos estão sempre muito bons. Queria saber como você arruma tanto tempo para escrever todo dia :P

    Abraço!

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  2. Ele começa a jogar um turno antes do que o QnT, o que é bom contra aggros, e ele tem um match muito bom contra controls.

    O grande problema é ter dois nightmare matchs, ainda mais contra decks tão "populares" assim...

    Para ser honesto, estou trabalhando a versão 2.0 para ganhar de mono red, e para ganhar de fadas, só enxergo a chegada de Conflux para tornar fadas um "quase-good-match", jogando com piroclasmas instant sem serem anuladas e as spells de X de dano (num deck que segura o jogo com 25 lands, só pode ser bom).

    Quanto ao tempo, é incrível o que um estágio em TI pode fazer com uma pessoa, né? =Þ

    Sério, se eu estivesse em casa, não sei se faria isso com tanta dedicação, mas estou no trabalho e pelo menos 1hora/dia não tenho o que fazer. Dá pra tentar escrever um pouco se já tiver os tópicos do texto na cabeça. ^^

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  3. Belo artigo, Chinês!
    Continue mandando bem assim!
    Só uma coisa: a sua justificativa para o uso de Infest no lugar de Pyroclasm não é justamente o fato de transpor Burrenton Forge-Tender? Se tirar agora os Infest para colocar os Volcanic Fallout, você não sente que seu matchup contra Kithkin ficaria prejudicado?
    []'s!

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  4. O fato é que o matchup contra kithkin é BEM mais simples do que contra fadas. Usando o Volcanica Fallout, eu precisaria usar no segundo turno uma removal (agony warp ou shriekmaw) e depois o fallout. Sem dúvidas isso prejudica o match contra o kithkin, mas o match ainda será possível, ao contrário do match contra fadas atual. =)

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  5. Cheguei a jogar de bg elfos na wirewood contra vc, dei uma zicada no ultimo game, mas verdade é que pelo deck ser desconhecido isso já acarreta vantagens para você. Deixa o oponente confuso preocupado por não conhecer o deck, eu joguei contra o deck imaginando um Qnt e me ferrei.

    Sobre o kitkin suas remoções pretas acabam ignorando o burreton IMO.

    No demais semrpe leio aqui e gosto muito, parabéns!

    Zaghi

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  6. Hey chineis!!
    sera que voce podia postar a nova lista do deck pra nos???

    vlw

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